Pular para o conteúdo principal

Semana de Arte Moderna de 1922

Foi um evento de música, dança, poesia e artes plásticas que inaugurou um novo movimento cultural no Brasil

Foi um evento de música, dança, poesia e artes plásticas que inaugurou um novo movimento cultural no Brasil: o Modernismo. Em 1922, a elite cafeicultora paulista alugou o Teatro Municipal de São Paulo, pelo equivalente a R$ 20 mil, para receber um novo tipo de arte, fortemente influenciada pelas vanguardas europeias e que refletia o progresso e a industrialização que a cidade vivia naquele momento. Até então, o Rio era considerado a capital cultural do país. A elite acabou não entendendo completamente a proposta do evento, mas ele influenciou definitivamente os rumos culturais brasileiros. Mais de 40 anos depois, por exemplo, era possível perceber seus reflexos no Tropicalismo, proposto por Caetano Veloso e Gilberto Gil.
ARTISTAS CONVIDADOS

Como seria um folder com os destaques do evento

Oswald de Andrade
Organizador do evento. Sua crítica ao compositor Carlos Gomes (O Guarani) e seu convite para que estudantes expressem sua “opinião” jogando tomates no palco certamente causarão controvérsia.

Anita Malfatti
Cada vez mais popular após as críticas do escritor Monteiro Lobato (que destruiu seus quadros a bengaladas!), ela desfiará todo seu expressionismo em 22 obras. Mário de Andrade é um de seus fãs.
 

Mário de Andrade
Um dos idealizadores do evento, conduzirá a palestra A Escrava que Não É Isaura. Conheça sua proposta 
para o abrasileiramento
 da língua portuguesa 
e a volta ao nativismo. Abaixo ao “passadismo”!

Manuel Bandeira
Embora esteja afastado dos palcos por conta de uma crise de tuberculose, seu poema “Os Sapos” será lido por Ronald de Carvalho e promete um soco no estômago dos escritores parnasianos!

Heitor Villa-Lobos
O compositor irá encantar o público com sua música clássica temperada com maxixe, samba e chorinhos. Nas palavras de Anita Malfatti, a mistura vai “abalar as paredes do velho Municipal”!


DESTAQUES DO EVENTO
Interação com o público
Fique à vontade para aplaudir ou vaiar. Para expressar sua opinião sobre quadros como Colombina, de Ferrignac, basta colar um bilhete atrás da tela. Haverá obras de arte acadêmica, bem ao gosto da burguesia, mas as novidades das vanguardas europeias desafiarão o consenso.

Ideias arejadas
A intenção é fundir influências do exterior e elementos brasileiros, buscando as raízes da nossa cultura indígena, africana e caipira. Mas, ao contrário dos ufanistas, há também um fascínio pelas máquinas e pela chegada do progresso, como retratado na obra Homens Trabalhando, da artista Zina Aita.

Influência duradoura
Espera-se que obras como Cabeça de Cristo, de Victor Brecheret, façam com que
 a Semana tenha um longo impacto. Por exemplo: Tarsila do Amaral não participará, mas certamente será influenciada – ela e Oswald de Andrade até já estão discutindo um novo movimento, o Pau-Brasil.

Polêmica no palco
Contemple as cores chocantes de O Homem Amarelo, de Anita Malfatti, e siga nesta vibração para a plateia do teatro. O poeta Menotti Del Picchia vai causar celeuma (e vaias?) com uma palestra sobre novos escritores. Villa-Lobos pretende confundir a plateia ao usar sapato em um pé e chinelo no outro. Nada de afronta: é só um calo inflamado!

Características da Semana de Arte Moderna

Os artistas que participaram da Semana de Arte tinham a proposta de expor uma nova visão de arte. A estilística era inspirada nos conceitos da vanguarda europeia. O grupo tinha como objetivo renovar a visão social e artística vigente no país. Apesar de chocar parcela elitista da população, a Semana de Arte trouxe, enfim, uma cultura com mais cara de Brasil. Dessa forma, há uma ruptura com a considerada “congelada arte acadêmica”. O movimento modernista ascende no Brasil graças à Semana de Arte Moderna de 1922. Mario de Andrade, ao lado de Oswald, como também do artista Di Cavalcanti foram os agentes organizadores do movimento.

semana de arte moderna
(Imagem: Reprodução)

Características da Semana de Arte Moderna de 1922

O principal objetivo de todos os artistas inclusos era a de uma revolução na arte nacional. Contudo, outro foco era também o de chocar parte da população que ainda abraçava o conservadorismo. Ainda, a Semana de Arte Moderna tinha como características e intuitos:
  • Utilizava uma linguagem mais vulgar, coloquial e próximo de classes mais baixas. A ideia era a aproximação;
  • Sem resquícios formais na composição das estilísticas;
  • Quebra com o formalismo, o acadêmico e o tradicional;
  • Parnasianismo criticado com veemência;
  • Temáticas completamente nacionalistas e com relação ao cotidiano vivido pela população;
  • Liberdade de expressão e censura zero;
  • Vanguardas europeias como inspiração, tais como dadaísmo, futurismo, surrealismo e etc;
  • Valorização da cultura brasileira, trazendo uma arte com “mais cara de Brasil”;
  • Experimentações e criações com influências e combinações da arte estrangeira à brasileira;

semana de arte moderna de 1922
(Imagem: Reprodução)

Grandes nomes da Semana de Arte de 22

A Semana de Arte Moderna reuniu grandes nomes das mais variadas vertentes artísticas. Desde pintores, escultores até mesmo escritores e poetas. Alguns dos principais nomes a integrarem o evento foram:
  • Anita Malfatti
  • Di Cavalcanti
  • Mario de Andrade
  • Oswald de Andrade
  • Tarsila do Amaral
  • Heitor Villa Lobos
  • Victor Brecheret

As consequências e os legados da Semana de 22

Muitas críticas foram feitas ao movimento. Grupos de pessoas das mais diferentes classes sociais sentiam-se desconfortáveis. Selecionados de escritores, pintores e demais artistas que não participaram do movimento despejaram xingamentos para com os presentes no Teatro. Alguns xingamentos, inclusive, taxavam os artistas como dementes mentais, loucos e insanos.
Por meio desta revolta da população, notou-se a falta de preparação da sociedade em receber as novidades modernistas.  O movimento teve recepção desagradável de parcela, mas o que mais se destacou foram os ataques de artistas. Monteiro Lobato, por exemplo, foi um dos que mais atacou a Semana de 22.
No entanto, a Semana de Arte Moderna de 1922 serviu como um marco. Um marco de rebelião artística que visava o novo e introduzia, enfim, o jeito Brasil de fazer arte. O movimento, inclusive, foi ponto importante da introdução de outros grupos artísticos que se disseminaram pelo país. É o caso, por exemplo, do Movimento Pau-Brasil e do Movimento Verde Amarelo.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Romantismo

O século XIX foi agitado por fortes mudanças sociais, políticas e culturais causadas por acontecimentos do final do século XVIII pela Revolução Industrial, que gerou novos inventos com o objetivo de solucionar os problemas técnicos decorrentes do aumento de produção, provocando a divisão do trabalho e o início da especialização da mão-de-obra, e pela Revolução Francesa, que lutava por uma sociedade mais harmônica, em que os direitos individuais fossem respeitados, traduziu-se essa expectativa na Declaração dos Direitos do homem e do Cidadão. Do mesmo modo, a atividade artística tornou-se mais complexa. Um dos primeiros movimentos artísticos que surge em reação ao Neoclassicismo do século XVIII é o  Romantismo  e historicamente situa-se entre 1820 e 1850. Os artistas românticos procuraram se libertar das convenções acadêmicas em favor da livre expressão da personalidade do artista. O termo romântico foi empregue pela primeira vez na Inglaterra para definir o tema das novel...